05/11/2013

FIREWORKS ARCHITECTURE

            Ao final do artigo “Tu também Calatrava”, sobre arquitetura e alguns efeitos colaterais, na última Veja, J.R.GUZZO propõe questões às quais gostaria de contribuir, ou seja, botar um pouco mais de lenha na fogueira da conceituação contemporânea do espaço criado e materializado.
            Faltou contextualizar os interesses eleitoreiros e provincianos dos governantes da era pós globalização, aliados a outros, supostos e sem provas, além das perguntas: é necessária essa obra? Cabe na cidade, em sua realidade e planejamento?
            A arquitetura sempre foi fundamentada em conceitos e teorias a partir do ser e do estar do humano e do seu entorno, natural ou idealizado. Sempre o homem como centro irradiador e objetivo final, sempre os grandes nomes — semideuses, no artigo —projetando grandes pensamentos. A partir do Centro Beaubourg de Paris (arquitetos Rogers e Piano) , na arte de projetar, ao homem, à função e fruição, foi agregada a Tecnologia — nova, bela e impactante e, agora, característica impositiva no fato arquitetônico; o sucesso de público foi tal que se fez necessário restringir o número de visitantes por espaço de tempo, por questões de segurança, e introduzir o item manutenção como primordial para a vida da construção.
            Globalização, marketing, tecnologia e informática : as ferramentas próprias para o desenvolvimento econômico e social que explodiu a partir do final do século 20 e que transformou o pensador, artista e técnico, em griffe, em sonho de consumo político e social. A Arquitetura foi transformada em um novo negócio, em empresa comercial pronta a vender um produto de sucesso, repercussão, uma imagem resplandescente, mágica;  fogos de artifício perenes no mundo dos negócios e da política: assim o florescer de Mitteramsés(o epitético presidente da França e suas obras), Gehry, Nouvel, Hadid, Calatrava e outros.
            A troca do pensamento humanista pela pirotecnia, do arquiteto pelo diretor comercial lobista, do usuário pelo investidor, este econômico ou eleitoral: eis a questão.